Batismo

Rito de imersão em água, que simbolizava a
consagração espiritual. Essa prática, igual à da
ablução que às vezes é definida com esse mesmo
termo, era comum entre os judeus (Êx 29,4; 30,20;
40,12; Lv 16,26.28; 17,15; 22,4.6). No tempo de
Jesus, batizava-se em água corrente o prosélito
procedente do paganismo, significando sua puri-
Bartimeu
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ficação da impureza idolátrica. Da mesma forma,
os sectários do *Mar Morto praticavam ritos relacionados
com a imersão, ligados também a um
simbolismo de purificação. Como no caso dos
prosélitos, os *essênios de Qumrán consideravam
que a pessoa abandonava uma situação de perdição
para entrar numa de salvação, embora a pertença
a uma ou outra não estivesse definida em
termos raciais ou nacionais, mas exclusivamente
espirituais. Algo semelhante encontramos em
*João Batista. Este pregou um batismo como sinal
de arrependimento para perdão dos pecados
(Mc 1,4), isto é, o batismo não perdoava os pecados,
todavia era sinal de que se realizara a *conversão
que precedia o perdão. Nesse sentido, João
opôs-se aos que, sem a conversão anterior necessária,
pretendiam receber o batismo (Mt 3,7ss.).
Uma vez mais, a condição para a salvação não
era pertencer a um grupo — os “filhos de Abraão”
— mas a mudança no relacionamento com Deus.
Jesus recebeu o batismo de João, passando no
curso do mesmo por uma experiência do Espírito
Santo, que reafirmou sua autoconsciência de
filiação divina e de sua messianidade (Mc 1,10 e
par.). Conforme o quarto evangelho, esse episódio
foi compartilhado com o próprio Batista (Jo
1,29-34). Quanto a Jesus assumir o batismo de
João, parece haver uma identificação simbólica
do *messias sofredor com os pecadores chamados
à conversão.
Parece que os discípulos de João que começaram
a seguir Jesus também batizaram (Jo 4,1-2),
embora Jesus não o tivesse praticado. Os relatos
sobre a ressurreição de Jesus mostram-no ordenando
a seus discípulos a pregação do evangelho,
cuja aceitação deve simbolizar-se mediante o batismo
administrado com uma fórmula trinitária,
que atribui um só nome comum ao *Pai, ao *Filho
e ao *Espírito Santo (Mt 28,19), posterior à
pregação do evangelho de salvação (Mc 16,15-
16). É, portanto, indiscutível que as primeiras
*Igrejas cristãs recorreram ao batismo como rito
de entrada nelas, que simbolizava a conversão e a
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adesão a Jesus como messias e *Senhor (At 2,38;
8,12.38; 9,18; 10,48; 10,48; 1Cor 1,14.16 etc.).
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Manzanares, El judeo-cristianismo...; Diccionario de las tres
religiones monoteístas...