Evangelho de João

O Evangelho de João
 
Autor: Quem é o discípulo amado que reclinava a cabeça no peito do Mestre, que se
identifica como o autor do Evangelho (Jo 21.20,24)? Ireneu, que conheceu
pessoalmente a Policarpo, aluno do apóstolo João, afirma a autoria joanina do
evangelho, bem como Clemente de Alexandria e Tertuliano também o fazem. Além
destas evidências externas, existe o fato de que o autor foi testemunha ocular dos
fatos que registrou (Jo 13.23-25; obviamente, um apóstolo), além de ser um judeu que
conhecia muito bem os costumes e geografia palestinos (4.9; 7.22; 11.18) – tudo isto se
encaixa com o perfil do apóstolo João, próspero pescador (Mc 1.19-20; 18.15-16), filho
de Zebedeu (Mt 4.21) e irmão de Tiago (Mc 4.17).
Data: A maioria dos estudiosos atribui uma data mais tardia ao Evangelho de João,
por volta de 85 d.C.; alguns poucos crêem que João pode ter sido escrito na década
de 50, sendo até mesmo o primeiro Evangelho a ser escrito.
Destinatários/Propósito: O autor deixa claro seu propósito em 20.31: levar seu leitor
à fé em Cristo (ou também edificar a fé de seus leitores cristãos). Para alguns, além
disso, João tinha um propósito apologético em mente ao apresentar um retrato tão
minucioso da pessoa de Cristo, talvez para combater preconceitos judaicos ou
heresias gnósticas.
Conteúdo: O Evangelho inicia-se com o prólogo majestoso acerca da divindade e
encarnação de Jesus (Jo 1.1-16), seguido de informações sobre o início de seu
ministério: Seu batismo, o encontro com os primeiros discípulos, seu primeiro
milagre (1.17-2.11). A narração prossegue na apresentação de milagres (“sinais”, na
fraseologia joanina), diálogos e discursos de Jesus, entremeados de declarações
acerca de Si mesmo, Sua missão, sua relação com o Pai e como obter a salvação por
Ele oferecida. A narrativa da semana da paixão (especialmente da última noite do
Senhor) é particularmente longa, acrescentando muito material não encontrado nos
Evangelhos Sinópticos (14-17).
Características especiais:
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• A palavra Logos (Palavra) era um termo marcante tanto para judeus quanto
para gregos. Este é um título de Jesus que se encontra exclusivamente nos
escritos joaninos (1Jo 1.1; Ap 19.13);
• O número 7 é preponderante na narrativa joanina: 7 milagres (2.1-11; 4.46-54;
5.1-18; 6.6-13; 9.1-7; 11.1-45) e 7 sermões (3.1-21; 4.4-42; 5.19-47; 6.22-59; 7.37-
44; 8.12-30; 10.1-21. Veja como o número 7 também recebe destaque no livro
de Apocalipse) ;
• O verbo crer aparece 98 vezes neste Evangelho. Outras palavras-chave são:
vida, morte, luz, trevas, mundo, amor, verdade, conhecer;
• João declara explicitamente que fora seletivo na escolha do material
apresentado (20.30-31);
• Clemente de Alexandria deu o seguinte relato acerca da composição do
Evangelho de João: “Mas João, depois de todos, percebendo que o quer dizia
respeito ao corpo no evangelho de nosso Salvador estava suficientemente
detalhado, incentivado por amigos chegados e instado pelo Espírito, escreveu
um evangelho espiritual”. (História Eclesiástica, livro 6, cap. XIV)